Friday, October 29, 2010

Uma Geração de Dançarinos

Para conferir fotos dessa galerinha em ação, acesse:


Juan, Eusina, Michelle, Monizye, Karina, Jéssica, Daphine e Daniele

Sunday, October 17, 2010

"Cri-Ação" na Galeria Olido

Encontro Criança Criando Dança na Galeria Olido, realizado pela EMIA. 
O GodLuv&Dance marcou presença!



Criança dando aula para criança?!

Um trechinho das aulas do Juan e Michelle para as crianças do GLD!





Friday, October 1, 2010

Artigo baseado em "Clariarce" de Jussara Miller

Concepção, Criação e Interpretação: Jussara Miller
Direção, Dramaturgia e Cenografia: Norberto Presta
Textos falados e projetados: “Água Viva”, Clarice Lispector
Produção: Salão do Movimento - Dança e Educação Somática
TD - Teatro de Dança - 07 de Setembro de 2010

“Clariarce” foi inspirado pela obra “Água Viva” de Clarice Lispector, para Jussara Miller “ele busca habitar o corpo sensível que delicadamente ou vigorosamente escolhe vetores que potencializam o movimento pelo espaço, numa rede de percepções que geram fluxos de movimentos, projeções, memórias e evocações, evidenciando a ressonância dos sentidos na composição cênica. “Clariarce” é um encontro inesperado. “Clariarce” é um território de encontro entre eu e você.”


            O tempo foi o elemento principal na composição cênica do espetáculo, cenário, figurino e movimentação. O tempo como um instante, assim como Lispector trata em seu livro “Água Viva”, um estado de presente, quase passado e futuro. “Clariarce” trata do instante das palavras, de uma dramaturgia do corpo envolvendo voz, músculos e estados, do instante dos elementos cênicos que estavam lá por um instante e desapareciam noutro ou apenas mudavam o seu aspecto.
            Acontece a fragmentação de um corpo - no caso de Clarice relida por Jussara - de uma história de vida e morte, de apego e desapego, de amor, de solidão. Em cada cena, o estado era diferente, e este estado afetava a próxima cena, portanto um movimento, fosse este de fala ou gesto, se fundia entre outros tantos que ocorriam e surgiam seqüencialmente. Há a questão do feminino, da vontade de se sentir amada, do desejo de viver intensamente cada momento e fazer deste único, não se importando com prováveis conseqüências desagradáveis como a perda de um grande e único amor, algo que jamais será visto e encontrado novamente, algo que ficou e passou em um instante qualquer.
            As lembranças e memórias vêm a tona trazendo a cada novo instante um novo estado, um novo movimento, com diferentes qualidades. Durante o espetáculo, além da literatura, dança e teatro, Jussara se utiliza de projeções e fotografias, que revelam os instantes a serem trazidos de novo e os instantes que serão reconstruídos por ela mesma depois de um longo período de visitação em espaços-temporais diferentes.
            Para o público, houve a conversa/troca com o artista, na entrada todos receberam uma bola de gude transparente, que, por coincidência ou não, é um objeto que reflete diversas imagens, que sofre alterações em sua cor e veio complementar a questão do ir e vir, viver e morrer, em um instante está ali e noutro não está mais. Em determinada cena todos foram instigados a lançar suas bolas ao palco enquanto a artista de movimentava entre elas, e durante o resto do espetáculo elas permaneceram ali, hora em seu caminho, hora sendo tiradas de seu caminho, hora em suas mãos, hora sendo objeto para contar um tempo.
            Viver a vida em um instante, a cada instante, amar, sofrer, morrer de amor. O corpo comunicou. Mas ficou a questão: na parte das bolas de gude sendo lançadas ao palco, há a existência de frases fixas de movimento ou tudo é improvisação? Neste momento, o lançar a bola de cada um, a força da bola chegando até ela - o leve, o súbito, o sustentado, o firme - até onde esses elementos influenciam seus movimentos? A conclusão é que todos os momentos/instantes, que são ali construídos, convergem para que as frases de movimento sofram uma interferência, gerando improvisos.
            Viver é um acaso, e morrer também é um acaso, não há hora nem lugar predestinado - o movimento, a representação através da voz, os estados, sofrem este acaso através das bolas de gude durante todo o espetáculo? Sim. Este acaso foi a principal impressão de “Clariarce”, assim como Lispector apenas escrevia e narrava a vida, não de forma profissional, mas de uma forma onde prevaleciam seus estados corporais, instantes e amores.
            Como e porque Jussara e Norberto Presta escolhem pela segunda vez Clarice? De onde vem esse desejo? Clarice estava ligada à contemporaneidade? Por isso, muitas vezes estava fora do sistema profissional de escritores brasileiros de sua época?
            Sendo Jussara Miller do campo da educação somática, “Clariarce” captou essa soma interior, de vários estados e instantes, assim como era Clarice Lispector em sua vida. Essa soma corporal que a cada instante é reorganizada, é alimentada e difundida por cada corpo e cada espaço ao seu redor. Clarice estava fora de seu tempo, era de fato contemporânea, tratava de questões próximas da educação somática e a contemporaneidade em seus livros, assim como Jussara em sua dança.
            Portanto, fica novamente outra questão - por que Jussara restringiu o espetáculo ao conhecimento de Clarice Lispector e os fundamentos da educação somática? Há uma necessidade de conhecer sua obra e vida para o bom entendimento da narrativa, o que, por vezes esses, conhecimentos não são encontrados entre os espectadores, em sua maioria. Porém, ela capta a sensibilidade, o feminismo, o contemporâneo e os sentimentos não só da mulher, mas como do ser humano em geral, o instante, a perda, a morte. 

Convido todos a conhecer a obra "Água Viva" de Clarice Lispector a fim de gerar provocações com relação as práticas da educação somática no cristianismo e na contemporaneidade. 

Abraços,
Dani Greco