Monday, July 18, 2011

"Com Aquarela" em co-criação

Por Bruna Vitorino de Sousa

A obra sugere uma série de interpretações, uma delas pode ser a violência de se atirar e chocar contra o solo e reconstituir-se; como pode ser também a necessidade de esfacelar as camadas mais externas para se chegar mais próximo da sua essência.


A sala é preparada com a intenção de estimular a percepção do público para além da visual a que estamos habituados, incluindo também o tato e a audição. As cadeiras e colchonetes estão próximos da área escolhida para a movimentação, e as luzes estão apagadas ao ponto de não se conseguir enxergar as outras pessoas. Então, se ouve algo batendo contra a parede. Segundos depois, se percebe que esse algo que se choca é a própria artistas.


Em meio a tanta escuridão, sentimos a artista se atirar contra o solo, a parede, a desenhar e a escrever, mas a voz que ela emite, mesmo se movendo, traz outra impressão, a de que ela está no centro do espaço e os sons, causados pelos choques, são feitos por cascas que fazem parte dela e são jogadas, partes superficiais, como roupas vestidas uma sobre as outras e são despidas até que se chegue a ficar nu.


A voz na escuridão preenche o espaço e suas ondulações sugerem imagens da movimentação ao público, e também o guia neste caminho que busca a matéria primordial que a faz ser o que ela é. Essa matéria primordial não é a que conhecemos biologicamente como constituição, mas uma mais sutil, difícil de dimensionar, pois ela está em nós nas nossas escolhas, paixões, preferências, experiências vividas que nos distingue dos outros e torna cada um ser único.


Sunday, July 10, 2011

"Com Aquarela" em co-criação

A escrita é uma linguagem, pela qual impressões e construções são descritas, é também um espaço de diálogo entre artista e público, onde ambos constroem relações no tempo-espaço e no corpo-ambiente. 


Olá Dani!

Sabe quando você vai para um lugar sem ter muita idéia de como será? Assim fui eu.

E isto foi legal, pois tudo foi novidade, desde o começo até o final. Já começou com o fato da platéia fazer parte do palco. Estar sentado ali no meio, de onde você dançarina se movimentava, foi novidade para mim, foi diferente. E o escuro? Não fazia a mínima idéia de que seria assim. Foi surpreendente e enigmático para caramba! Rs.

Ai você começou dançar. Pensei: cadê a música? E nada da música, também nada de luz... Rs.

Os objetos no chão, as folhas em branco, lápis... outras folhas já desenhadas no espelho... Você movendo-se por todo espaço informe... trevas, silêncio absoluto...

Então vi que estava diante da representação do gênesis, da criação. A dança era linda...

O movimento sobre o plástico, representando o Espírito movendo-se sobre as águas...

Começa surgir luz...

Vem o sopro diante do espelho... sopro que dava vida, a criação segundo a sua própria imagem e semelhança.

Gostei muito dos momentos de dança diante do espelho, achei muito bonito, harmônico, simétrico...

As palavras que você dizia, eram reflexivas “Crescer, cultivar, aproximar, afastar, etc.”

“Você é responsável por aquilo que cativas”.

Outros questionamentos: “Quantos amigos você tem? Você tem cuidado deles? Ou você os tem mal tratado (foi super legal a representação arremessando as folhas).

Tem um momento que dá uma curiosidade geral, que é saber o que você escreve nas folhas... Aí você sai dançando, indo aos 4 cantos da sala, tive a impressão de representar levar as boas novas, o amor à todos os cantos do mundo...

"Com uma folha qualquer eu desenho um sol amarelo, com alguns traços eu faço um castelo"... O questionamento de o que estamos fazendo da nossa própria Aquarela?

Poucas vezes enquanto dançava você parou de frente e olhou nos olhos de quem estava lá... era só um olhar, mas que dizia muito.

Mais alguns passos e então o espetáculo termina; de uma forma serena e tranqüila...

Você disse que espera que eu tenha gostado? Pode ter certeza de que gostei muito, foi o tipo de arte que a gente vê e não se esquece mais.

Você quer que eu diga daquilo que não gostei? Impossível, não tem nada, nada, nada do que eu não tenha gostado. Foi tudo perfeito!

Tenho certeza que quando Deus olha e vê pessoas assim, como você, Ele fica bastante orgulhoso de sua criação.

Parabéns Dani, você é muito talentosa!

Bjs,
Eliezer