Friday, December 20, 2013

Não justificado

Pessoa: Danielle Greco
Foto: Gilson Simabuku

                 Você já sentiu essa sensação?
De não saber onde está.
   De não saber que caminho seguir
                             Ou o quê escolher
 Chega um momento que arriscar é arriscado
Que esperar não é ter cautela 
                   Que o escolher é necessário
Como viver entre coisas opostas?
Ser o meio, um híbrido de situações
Um híbrido lugar
           Híbridas sensações
   Hoje sou aqui                 amanhã sou lá
          Como ser o fora do perfil?
Posso ser aqui e                    ali?
O futuro é presente agora?
E se o presente agora for o futuro?

Friday, December 13, 2013

O Mundo de Tão Cansado Parou

Por Thiago Ayres

Eu fico totalmente estupefato com a capacidade humana e principalmente, sim principalmente, cristã de se julgar não só as pessoas mas as obras que são realizadas, as coisas. Estamos tão preparados para falar contra qualquer pessoa sem antes olhar para a situação, para o contexto de vida, quanto estamos preparados para abrir a boca vociferar palavras de ordem como "é preciso mudar", "é preciso ser assim", "é preciso deixar disso", "é preciso deixar daquilo" e eu vejo simplesmente Jesus dizendo: VEM! Não importa o jeito, VEM! Meu amor, VEM!

Eu não consigo entender como a igreja subsiste diante de tanta acusação, é como se sentir num estágio de futebol numa grande final contra um time estrangeiro, logicamente o estádio só tem uma torcida, ou 99% dele está tomado por uma só cor, uma só canção, uma só vontade, um só pensamento, uma SÓ FÉ e a bola começa a rolar, a festa aumenta cada vez mais, quando parece que vai sair o primeiro gol para o time da casa a torcida começa a brigar entre si e ninguém entende nada, os outros times não entendem porque brigam, porque se voltam uns contra aos outros, é assim como me sinto perdido no meio de uma igreja que é uma só, porém se estranha consigo mesma, briga consigo mesma, se obriga a si mesma a coisas que ela NÃO PODE FAZER MUITO MENOS CUMPRIR. 

Os outros times não conseguem entender por que a torcida de um mesmo time briga entre si bem como o mundo não aguenta mais, não suporta mais, não entende mais (nunca entendeu) mas agora externa essa dúvida do por que essa "igreja" se cobrar tanto, se recriminar tanto, se bater tanto, usar de tanto preconceito contra si mesma que acaba sendo cheia o suficiente para respingar sobre pessoas que nada tem a ver com esta. O mundo parou de tão cansado de ver esse tipo de pessoas tentando ordená-lo de como ter de girar, o mundo clama por amor, o mundo clama por carinho, as pessoas querem ser ouvidas e SIM serem aceitas, sem prerrequisitos, elas anseiam TANTO se entregar do jeito que estão assim como Cristo anseia recebê-las exatamente do jeito que elas estão, o que vai acontecer ou deixar de acontecer depois que essas pessoas vierem para Cristo é da conta do Espírito Santo, não é mais a nossa parte. Estamos querendo ser uma igreja querendo cumprir muitos papéis, queremos ser o Pai, o Filho, o Espírito, o Irmão, a Salvação, a Libertação, a Palavra, o Caminho, a Vida, a Verdade, quando fomos chamados SÓ para IR, pregar e amar. 

A Igreja é de Cristo e a Igreja são as pessoas, logo as pessoas são de Cristo e não de outras pessoas, porque pessoas não podem mudar pessoas, uma planta não pode mudar a outra, uma caixa não pode transformar a outra em um caixão, um homem não pode mudar outro homem, só um criador pode mudar uma criação. Se uma pessoa sabe criar carros, ela vai poder mudar carros, se uma pessoa entende de computação, ela vai poder modificar computadores. Você pouco se entende, você luta contra si mesmo, como pode falar para outras pessoas o que devem ou o que não devem? O que você pensa da bíblia não torna isso verdade, a sua interpretação não é a verdadeira. Existe O Espírito Santo, o Espírito da Verdade que GUIA a quem quiser a TODA verdade, revela coisas que estão no coração do Pai e anuncia, ainda, as que estão para vir. Não existe desculpa para DEIXAR de amar uma pessoa que precisa de amor, não existe desculpa para deixar uma pessoa desamparada, nem caída, não existe justificação para falta de amor, porque simplesmente o amor é o maior legado de Deus, é a maior prova de Deus tanto que a melhor maneira de você querer conhecer a Deus na sua integra é amando outras pessoas, principalmente se forem totalmente diferentes de você. 

Chega de um evangelho mascarado a uma superficialidade gospel barata, um "jesus" acomodado a querer pessoas que só estão dispostas a servir na igreja (templo), Ele também quer as indispostas, chega de falar que Jesus vai fazer pelo que fizer algo, Jesus já fez e fez por todos e não preciso assinar nada por isso, só preciso me entregar, só preciso assinar um contrato TÁCITO dizendo SIM. Chega de dizer que o amor de Cristo não tem condição mas temos que isso, e deixar daquilo, eu não aguento mais ver o amor sendo substituído pelas tabuas dos mandamentos de Moisés, eu cansei de ouvir que eu tenho que selecionar minhas amizades no colégio, na faculdade, na vida porque preciso andar com os retos e não me assentar na roda dos escarnecedores, para te dizer a verdade minha fé tem sido fortalecida muito mais quando sento com os "errados", com os "rebeldes", com os "escarnecedores" e ouço e rio, e converso e simplesmente estou ali como Jesus esteve ao lado de cobradores de impostos, de prostitutas, de ladrões até na hora da morte, E EM TODOS OS MOMENTOS E ELE SE MANTEVE AO LADO DESSAS PESSOAS, chega desse evangelho que o dedo está sempre esticado para dizer o que está errado, chega de condicionar o Espírito Santo a sua medíocre e politizada vontade, não existe nada mais sujo do que selecionar o que dar de comer, escolher o que um povo sedendo por Deus vai aprender ou deixar de aprender, chega de ser hipócrita de dizer onde elas devem mudar quando nem você tem o poder para MUDAR A SI MESMO. 

Chega dessa cobrança insana, quem corrige, quem exorta é Deus, não homem. Diante de tanto medo o mundo parou, vamos fazê-lo, novamente, girar com amor. 

"Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados. Sendo hospitaleiros uns para com os outros, sem murmurações, cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus." 1 Pedro 4:8-10

Wednesday, September 25, 2013

Palavras sobre nada

Começo esse texto com uma frase de pensamento: acho que eu vou escrever.

Sempre que escrevo, escrevo pela vontade que vem, de dizer algo à alguém, de debater certo assunto, seja comigo mesma, ou de sanar questões, expor opiniões, ou apenas deixar as palavras livrarem.

Engraçado como a gente apaga e escreve tudo de novo, de outra forma, ou escreve algo totalmente diferente, como agora aconteceu. Engraçado que reflito agora que a vida é assim. A gente escreve, depois apaga, daí escreve de novo, as ideias vão mudando, o tempo vai passando, a gente amadurece as palavras, deixa elas irem, virem, voarem.

É,... após alguns momentos de pausa e reflexão antes de continuar percebo que não consigo escrever sobre a vida, ou sobre o nada, até porque a vida é tudo ao mesmo tempo, e o nada, ah, o nada é o nada, dentro dele coexistem muitas vidas.

Falar da vida é falar de palavra, de junção de elementos, de vogal, de consoante, de tempo verbal, de maiúsculas e minúsculas, de sistema.

Pronto, a vida não é o nada, mas o todo que está sempre, a cada instante, escrevendo e apagando, para que o sentido desta seja não o ser, o permanecer, mas o estar sendo...

Sobre o quê mesmo eu estava escrevendo?

Monday, August 19, 2013

Embriaguez contemporânea


Um texto breve, poético talvez, inventado por palavras e percepções sinceras acerca da produção artística atual da cidade de São Paulo. Claro, não posso dizer da cidade em sua totalidade, mas falo do meu entorno, da minha experiência subjetiva durante algumas semanas.

Se eu te perguntar você pode responder: o que leva você a ver um espetáculo? Uma boa critica talvez. Amigos no elenco. Um festival da atualidade num equipamento cultural público ou privado. O ingresso gratuito e de fácil acesso. Uma divulgação bem feita. Um convite VIP. Ou então, nenhuma das alternativas anteriores. Às vezes, você apenas vai por estar curioso sobre aquele assunto ou sobre aquela produção. Mas na verdade, o importante não é o motivo, é o para quê.

Quando digo “para quê” digo para o público e especialmente para o artista que está no palco, compartilhando seu talento, dialogando arte. Fico apreensiva quando escuto o termo “formação de público”, como se o público tivesse que ser educado para ir a algum lugar. Incomoda-me o fato de, inclusive, o universo que me rodeia tratar dessa questão continuamente. Escrevo essas palavras, pois quero traçar um paralelo e propor algum cruzamento dos musicais com a dança contemporânea, cruzamento que de onde eu falo hoje, isso é algo extremamente distante.

Um domínio do movimento, do corpo, da fala, da voz, do canto, da atuação, do diálogo com o público. Percepção, ação, determinação, elemento surpresa, do ator e do público. Tentativa de aproximação, de contato, observação é ação. Do outro lado, corpos se movendo continuamente, uma linha de pesquisa que não dialoga com o público atual, uma bolha, quase uma passarela de corpos, tédio, perda de tempo. Arte para quem?

Em algumas palavras foram essas as percepções e sensações que me arrebataram ao assistir espetáculos extremamente diferentes na semana passada. De algo fresco que se atualiza a cada cena a algo que não se transforma, mesmo com a repetição.

Prefiro me embriagar com goles e goles de comédias musicais a tentar dialogar com algo que não está sequer ao meu alcance, que preciso ter uma sabedoria e um conhecimento anterior sobre aquele assunto.  

Onde está o contemporâneo da dança contemporânea hoje? Onde está o esforço em ser artista e público ao mesmo tempo? Porque é o que somos, de fato.

Talvez a arte contemporânea esteja em alguns musicais, em alguns corpos dos grandes palcos ou então na poltrona, como público, como ator, como um corpo desejante, que não se farta e não se cansa de dialogar, de abraçar, de se embriagar com arte. A dança contemporânea está embriagada, porém de si mesma. 

PARA QUÊ FAZEMOS ARTE?

Encorajo ao artista que é público e ao público que é artista conferir “A Madrinha Embriagada” no SESI-SP.

Sobre o espetáculo: http://www.sesisp.org.br/Cultura/a-madrinha-embriagada.htm

Reservas de ingressos para Setembro: http://www.sesisp.org.br/meu-sesi

Tuesday, August 6, 2013

ctrl+alt+dança: "Danielle Greco convida para “um manifesto do corpo para o corpo”

Exausta da rotina de inscrições em editais, nem sempre convertida na aprovação de projetos, Danielle Greco propõe um manifesto: de transbordamento de ações na direção das ruas (ou nas palavras de Raíssa Ralola em seu último relato crítico, do oikos para a polis, da casa para a cidade), de possibilidades outras, menos dependentes do que a artista chama de “burocratização de processos criativos”.




Saturday, August 3, 2013

blog transversos - consensos não são bem-vindos

O texto e a convocatória para ação também foi publicado no blog transversos.

Inicio parceria com esse pessoal maneiro do Rio de Janeiro que me receberam com poéticas palavras!


Friday, August 2, 2013

critico, analiso, convoco em breves palavras

Faço das minhas palavras o descontentamento de Helena Katz - segue post no link abaixo. 


Todos sabem que sou uma grande defensora da ponte SP-RIO, mas da forma como esse trânsito se propôs, ficaremos parados para o resto de nossas vidas, trabalhando com tudo, menos com dança. 

CRITICO os governantes que estão deliberadamente arrasando as condições de produção artística em nossa cidade, mas ninguém parece se importar. Estamos sem emprego, sem condições de sobrevivência, sem saber para onde continuar. E se você ainda acha que o problema com a mobilidade urbana tem a ver apenas com os transportes, se engana, nossa mobilidade de vida, está aí, sendo travada. 

ANALISO o fato de que algo tem que mudar em nossa forma de fazer, produzir, continuar no processo artístico. Vejo muitos artistas solos, muitos grupos que não tem acesso aos principais acontecimentos em dança da cidade, muita desarticulação. Eu havia começado algumas discussões acerca de um novo edital para novos criadores com algumas amigas da faculdade, e foi quando começamos a participar também do A Dança se Move, mas infelizmente me senti desarticulada em continuar participando. Sim, eles conseguiram muitas coisas, porém algo me desmobilizava no sentido da ação. 

CONVOCO eu e você para estarmos em rede, para replicarem esse post, para que convoquem seus grupos, amigos, colegas que trabalham com dança para irem às reuniões propostas. Por mais que as vezes seja muita falação, algo está sendo levantado. 

CONVOCO TAMBÉM para estarem em nosso grupo de estudos que começa agora dia 13 de Agosto das 14h as 16h no vão da Praça das Artes. Queremos não só discutir em uma sala ou em um espaço aberto, queremos a rua, queremos ação, queremos o corpo em sua totalidade fazendo e produzindo de acordo com sua necessidade. 

Participe com a gente dessa manifestação, critiquem, analisem e convoquem conosco!


Monday, July 29, 2013

Um manifesto do corpo para o corpo.

“O corpo-dança pensa age. Ele não é meu corpo, ele é eu corpo.” Danielle Greco

“As atividades do espaço são o fazer e o dançar.”
Rudolph Laban
(MIRANDA, 2008, pg. 7)

Isso é um manifesto, escrito pelo corpo, corpo este que não mais suporta viver de editais. Um corpo poético e não burocrático. Um corpo que age da forma que ele sabe agir, conforme sua história, conforme seus aprendizados, de acordo com o seu passado-presente (simples não?). Ele então pode se valer de estruturas modernas, retrógradas, ou mesmo de citações que estão fora de época, mas é o corpo, ele mesmo, nele mesmo, por ele mesmo. Simples para quem lê, porém complexo para quem realmente vive. 

Tenho voz, sentidos, estados. Há 1 mês estou parado, no último semestre trabalhei tanto que não tive tempo de cuidar de mim mesmo. Trabalhei sem ganhar nada, corri atrás de oportunidades, sucumbi a escrita de pelo menos dez editais, não entrei em nenhum. Mesmo com um vasto currículo e experiência em dança, teatro, arte-educação e produção cultural, meus esforços foram inúteis; e foi a partir desse momento de hiato criativo, de ser obrigado a parar, que me coloquei em estado de reflexão.

Sou corpo rua, corpo casa que transborda para o outro. Corpo que segue em atravessamento. Corpo ainda jovem com relação a alguns conceitos, porém ancião de inquietações. Corpo, que mesmo caminhando há um bom tempo, não é re-conhecido no ambiente em que insere ou que pretende se inserir. Parece não haver espaço. Assim como a cidade. Não há mais espaço. O corpo não habita mais a cidade, pois não há espaço. Foi retirado o corpo do espaço e o espaço do corpo. Cada vez mais a dança é retirada dos corpos, e os corpos da dança. E eles afrouxam para outros.

O corpo não suporta mais sua casa, não lhe cabe, mas a rua também não recebe sua voz. Este corpo, então, perde força e se cala frente a alguns corpos em ascensão, que por vezes habitam o mesmo espaço. O sentido de habitar é o mesmo que o de conviver em um mesmo espaço? 

Procuro a rua, procuro a multidão, procuro a alteridade, procuro o convívio, o diálogo das inquietações, ações que possam de fato construir novos caminhos para a sobrevivência dos corpos na dança e em outras linguagens artísticas, todas em co-labor-ação. Ações que transbordem para outras esferas, onde a dança e as artes possam ser construídas de outras maneiras, a não ser somente pela lógica e pela burocratização de processos criativos, colocando-os em casas sem portas, sem janelas, sem cavidades. O corpo precisa respirar, trocar, ser corpoambiente.

Estados de reflexão do mês de julho: um corpo anêmico e inativo não soluciona os problemas de uma linguagem artística, mas são esses estados de passagem que nos convocam a refletir sobre a atual situação daqueles que estão ainda nascendo e construindo a contemporaneidade.

Se hoje tratamos o corpo como pensamento/ação, digo que sou um corpo-ação-político. Um corpo que não se contenta em apenas dialogar sobre novas formas de colaboração na contemporaneidade. Precisamos agir. Precisamos tomar as ruas. Precisamos ser corpo-ação, dança-ação, arte-ação. O corpo precisa ser palavramento, colocar a tal da palavra em movimento.

Frente a essa situação, o corpo político daqui convida o corpo político daí para sair dessa inércia e participar do nosso primeiro encontro do grupo de estudos do Projeto estadosDEpassagem. Porque tem sido necessário conviver com inquietações, respostas, ações, com construções colaborativas, com dança, teatro, performance, música, artes plásticas, artes visuais e qualquer outra forma de arte possível. Não queremos fazer grandes travessias sozinhos? Queremos? Não queremos que nossa arte seja colocada em caixas, embaladas, etiquetadas e vendida para um ótimo comprador. Queremos? Podemos ser corpos nômades, corpos itinerantes, corpos casas, corpo ambiente, corpo pensamento, corpo ação, podemos ser corpo sistema.

O manifesto está lançado, só falta agora a manifest-ação.

Por Danielle Greco: vulgo turismóloga, dançarina, atriz, arte-educadora e mais outras mil funções, e ainda assim, formanda no Grupo de Risco do curso de Comunicação das Artes do Corpo da PUC/SP.

Sobre o projeto: www.estadosdepassagem.com

Participe do grupo de estudos acessando o link do evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/1405219273023073/


Bibliografia
MIRANDA, Regina. Corpo-Espaço: aspectos de uma geofilosofia do corpo em movimento. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008.