Monday, August 19, 2013

Embriaguez contemporânea


Um texto breve, poético talvez, inventado por palavras e percepções sinceras acerca da produção artística atual da cidade de São Paulo. Claro, não posso dizer da cidade em sua totalidade, mas falo do meu entorno, da minha experiência subjetiva durante algumas semanas.

Se eu te perguntar você pode responder: o que leva você a ver um espetáculo? Uma boa critica talvez. Amigos no elenco. Um festival da atualidade num equipamento cultural público ou privado. O ingresso gratuito e de fácil acesso. Uma divulgação bem feita. Um convite VIP. Ou então, nenhuma das alternativas anteriores. Às vezes, você apenas vai por estar curioso sobre aquele assunto ou sobre aquela produção. Mas na verdade, o importante não é o motivo, é o para quê.

Quando digo “para quê” digo para o público e especialmente para o artista que está no palco, compartilhando seu talento, dialogando arte. Fico apreensiva quando escuto o termo “formação de público”, como se o público tivesse que ser educado para ir a algum lugar. Incomoda-me o fato de, inclusive, o universo que me rodeia tratar dessa questão continuamente. Escrevo essas palavras, pois quero traçar um paralelo e propor algum cruzamento dos musicais com a dança contemporânea, cruzamento que de onde eu falo hoje, isso é algo extremamente distante.

Um domínio do movimento, do corpo, da fala, da voz, do canto, da atuação, do diálogo com o público. Percepção, ação, determinação, elemento surpresa, do ator e do público. Tentativa de aproximação, de contato, observação é ação. Do outro lado, corpos se movendo continuamente, uma linha de pesquisa que não dialoga com o público atual, uma bolha, quase uma passarela de corpos, tédio, perda de tempo. Arte para quem?

Em algumas palavras foram essas as percepções e sensações que me arrebataram ao assistir espetáculos extremamente diferentes na semana passada. De algo fresco que se atualiza a cada cena a algo que não se transforma, mesmo com a repetição.

Prefiro me embriagar com goles e goles de comédias musicais a tentar dialogar com algo que não está sequer ao meu alcance, que preciso ter uma sabedoria e um conhecimento anterior sobre aquele assunto.  

Onde está o contemporâneo da dança contemporânea hoje? Onde está o esforço em ser artista e público ao mesmo tempo? Porque é o que somos, de fato.

Talvez a arte contemporânea esteja em alguns musicais, em alguns corpos dos grandes palcos ou então na poltrona, como público, como ator, como um corpo desejante, que não se farta e não se cansa de dialogar, de abraçar, de se embriagar com arte. A dança contemporânea está embriagada, porém de si mesma. 

PARA QUÊ FAZEMOS ARTE?

Encorajo ao artista que é público e ao público que é artista conferir “A Madrinha Embriagada” no SESI-SP.

Sobre o espetáculo: http://www.sesisp.org.br/Cultura/a-madrinha-embriagada.htm

Reservas de ingressos para Setembro: http://www.sesisp.org.br/meu-sesi

2 comments:

  1. Eu adorei o texto,
    Gostei muito!!

    E a cerca do artista que não prestigia o próprio artista, dou razão a isso. Infelizmente.. é uma realidade.

    Onde está o sentido?
    Parabéns a quem escreveu o texto.

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    Replies
    1. Oi Jhony, que bom que compartilha do mesmo sentimento...
      Fui eu mesma quem escrevi, obrigada!!! Compartilhe se possível =)
      Beijos e que a gente consiga dar sentido a arte e a vida a cada instante!

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