Um texto breve, poético talvez, inventado por palavras e percepções sinceras acerca da produção artística atual da cidade de São Paulo. Claro, não posso dizer da cidade em sua totalidade, mas falo do meu entorno, da minha experiência subjetiva durante algumas semanas.
Se eu te perguntar você pode responder:
o que leva você a ver um espetáculo? Uma boa critica talvez. Amigos no elenco.
Um festival da atualidade num equipamento cultural público ou privado. O
ingresso gratuito e de fácil acesso. Uma divulgação bem feita. Um convite VIP. Ou
então, nenhuma das alternativas anteriores. Às vezes, você apenas vai por estar
curioso sobre aquele assunto ou sobre aquela produção. Mas na verdade, o
importante não é o motivo, é o para quê.
Quando digo “para quê” digo para
o público e especialmente para o artista que está no palco, compartilhando seu
talento, dialogando arte. Fico apreensiva quando escuto o termo “formação de
público”, como se o público tivesse que ser educado para ir a algum lugar. Incomoda-me
o fato de, inclusive, o universo que me rodeia tratar dessa questão
continuamente. Escrevo essas palavras, pois quero traçar um paralelo e propor
algum cruzamento dos musicais com a dança contemporânea, cruzamento que de onde
eu falo hoje, isso é algo extremamente distante.
Um domínio do movimento, do
corpo, da fala, da voz, do canto, da atuação, do diálogo com o público.
Percepção, ação, determinação, elemento surpresa, do ator e do público.
Tentativa de aproximação, de contato, observação é ação. Do outro lado, corpos
se movendo continuamente, uma linha de pesquisa que não dialoga com o público
atual, uma bolha, quase uma passarela de corpos, tédio, perda de tempo. Arte
para quem?
Em algumas palavras foram essas
as percepções e sensações que me arrebataram ao assistir espetáculos extremamente
diferentes na semana passada. De algo fresco que se atualiza a cada cena a algo
que não se transforma, mesmo com a repetição.
Prefiro me embriagar com goles e
goles de comédias musicais a tentar dialogar com algo que não está sequer ao
meu alcance, que preciso ter uma sabedoria e um conhecimento anterior sobre aquele
assunto.
Onde está o contemporâneo da
dança contemporânea hoje? Onde está o esforço em ser artista e público ao mesmo
tempo? Porque é o que somos, de fato.
Talvez a arte contemporânea
esteja em alguns musicais, em alguns corpos dos grandes palcos ou então na poltrona,
como público, como ator, como um corpo desejante, que não se farta e não se
cansa de dialogar, de abraçar, de se embriagar com arte. A dança contemporânea está embriagada, porém de si mesma.
PARA QUÊ FAZEMOS ARTE?
Encorajo ao artista que é público
e ao público que é artista conferir “A Madrinha Embriagada” no SESI-SP.
Sobre o espetáculo: http://www.sesisp.org.br/Cultura/a-madrinha-embriagada.htm
Reservas de ingressos para Setembro: http://www.sesisp.org.br/meu-sesi
Reservas de ingressos para Setembro: http://www.sesisp.org.br/meu-sesi
Eu adorei o texto,
ReplyDeleteGostei muito!!
E a cerca do artista que não prestigia o próprio artista, dou razão a isso. Infelizmente.. é uma realidade.
Onde está o sentido?
Parabéns a quem escreveu o texto.
Oi Jhony, que bom que compartilha do mesmo sentimento...
DeleteFui eu mesma quem escrevi, obrigada!!! Compartilhe se possível =)
Beijos e que a gente consiga dar sentido a arte e a vida a cada instante!